domingo, 13 de maio de 2007

Sim, ainda podemos limpar a sujeira










Novo relatório da ONU diz que é possível e não custa caro conter o aquecimento global




Enfim, uma boa notícia a respeito do aquecimento global, que ameaça fugir inteiramente ao nosso controle. Ainda há tempo para conter o processo e evitar suas conseqüências mais catastróficas, como enchentes, secas, extinção de espécies, derretimento dos pólos e outros desastres naturais. A conclusão animadora é do terceiro relatório divulgado neste ano pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), criado pela ONU para buscar consenso internacional sobre o assunto. O primeiro relatório, divulgado em fevereiro deste ano, responsabilizou a atividade humana pelo aquecimento global e advertiu que, mantido o crescimento atual dos níveis de poluição da atmosfera, a temperatura média do planeta subirá 4 graus até o fim do século. O relatório seguinte, apresentado em abril, tratou do potencial catastrófico do fenômeno e concluiu que ele poderá provocar extinções em massa, elevação dos oceanos e devastação em áreas costeiras. A terceira parte do documento da ONU, divulgada na sexta-feira passada, propõe soluções.

Em linhas gerais, diz o seguinte: se o homem causou o problema, pode também resolvê-lo. E pode fazê-lo por um preço relativamente modesto - pouco mais de 0,12% do produto interno bruto mundial por ano até 2030. Hoje, a concentração de gases do efeito estufa na atmosfera está em 425 partes por milhão (ppm). O gasto anual do PIB mundial é necessário para fazer com que os níveis de concentração desses gases nocivos se mantenham no máximo na faixa entre 445 e 535 ppm. O 0,12% do PIB mundial seria gasto tanto pelos governos, para financiar o desenvolvimento de tecnologias limpas, como pelos consumidores, que precisariam mudar alguns de seus hábitos. O IPCC calcula que um esforço internacional para tornar as casas e os edifícios mais eficientes do ponto de vista energético acarretaria um corte de 30% nas emissões de gases que eles hoje produzem. Isso seria conseguido com medidas simples, como substituir todas as lâmpadas incandescentes por fluorescentes, e outras que dependem de políticas públicas, como o abatimento no imposto de renda para pessoas que instalam painéis solares - a exemplo do que já é feito nos Estados Unidos.

Os entusiastas de carros beberrões, como os utilitários esportivos, poderiam pagar impostos mais altos para financiar a compra de carros econômicos por parte de outros consumidores. "Agora, cabe a cada governo eleger os setores e as medidas que achar mais interessantes e viáveis economicamente. O que não se pode mais é ficar parado", diz Roberto Schaeffer, professor de planejamento energético da Coppe, órgão ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, que participou da criação do terceiro relatório do IPCC.

O aquecimento global não será contido apenas com a publicação do terceiro relatório do IPCC e sua conclusão de que não sai tão caro reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

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